ITGP 2025 traça rota para práticas mais transparentes.
A nova rodada do Índice de Transparência e Governança Pública (ITGP 2025) revelou um avanço de 44% na nota média das dez cidades da região de Sete Lagoas/MG. O levantamento, realizado pelo Observatório Social do Brasil – Sete Lagoas/MG (OSB-7L) em parceria com a Transparência Internacional – Brasil, também mostra, no entanto, a necessidade de melhorias urgentes.
O destaque foi a Prefeitura de Sete Lagoas, que viu sua pontuação saltar de 44,1 para 67,5 pontos, subindo da classificação “regular” para “boa” e assumindo a liderança do ranking.
Apesar desse progresso individual, a nota média das dez cidades subiu de 20,6 para 29,7 pontos, mantendo-se na classificação geral “ruim” na escala do ITGP (que vai de 0 a 100 pontos). O resultado é visto pelo Observatório Social como um sinal de superação da estagnação, demonstrando potencial de melhoria.
Os novos dados do Índice de Transparência e Governança Pública (ITGP) 2025 trazem um panorama regional que exige atenção imediata.
Pela primeira vez, cinco municípios conseguiram romper a barreira do “péssimo”, avançando para a classificação “ruim”, indicando que o esforço pela transparência está, de fato, em movimento. No topo, um município manteve o nível “regular” e apenas um se destaca no patamar “bom”.
No entanto, o sinal de alerta é mantido: a classificação geral da região ainda é fortemente impactada pelas últimas posições. Funilândia, Baldim e Caetanópolis repetiram o desempenho anterior e permanecem na dolorosa categoria “péssimo”, puxando a média para baixo.
Os resultados completos estão disponíveis em: https://transparenciainternacional.org.br/itgp/municipal/
Crescimento Relativo e Vontade Política
“Inicialmente, 9,1 pontos podem parecer um aumento tímido, mas se considerarmos o percentual de crescimento de um ano para o outro, temos uma alta de 44% para toda a região, resultado bastante significativo“ destacou Benjamin Júnior, presidente do OSB-7L. A expectativa é que, nas próximas edições (2026 e 2027), a região continue avançando “rumo a melhores práticas de transparência e governança pública“, em sua avaliação.
Charles Antunes, coordenador do OSB-Sete Lagoas, reforçou que o potencial de melhoria é grande, sendo que “o ideal seria termos todos os municípios com médias acima de 60 pontos, com resultados considerados ‘bons’ ou, quem sabe, até ‘ótimos’.” Ele enfatizou que “o ITGP não visa penalizar ninguém, mas sim apontar o caminho para as boas práticas” e que a maior parte das mudanças não é onerosa: “Muitos dos indicadores não requerem custos adicionais para as prefeituras.”
Antunes concluiu que o verdadeiro desafio é a vontade política: “Depende de interesse político e da disponibilização das informações nos portais oficiais”. O Observatório Social reforça o convite para que todos os gestores se unam em prol da coletividade para alcançar um nível adequado de transparência até 2027, ano de finalização da parceria com a Transparência Internacional.
Resultados Individuais: O crescimento de Sete Lagoas e outros destaques
A Prefeitura de Sete Lagoas protagonizou o avanço mais notável, saltando de 44,1 para 67,5 pontos, subindo da avaliação “regular” para “boa” e conquistando a liderança. Com o resultado, Sete Lagoas entra em uma nova e mais elevada categoria de transparência.
Paraopeba, apesar de subir de 44,2 para 47,4 pontos, viu seu crescimento mais tímido custar a liderança, permanecendo na classificação “regular”.
A melhora, no entanto, foi generalizada, com destaque para a base da tabela:
- Saltos de Mais de 50%:Cachoeira da Prata (de 16,2 para 33,9 pontos) e Inhaúma (de 10,3 para 32,8 pontos) tiveram um crescimento superior a 50%, subindo de “péssimo” para “ruim”. Para os líderes do Observatório Social, essa mudança representa o avanço que se espera concretizar nos próximos anos.
- Ruptura com a Estagnação:Jequitibá, Santana de Pirapama e Fortuna de Minas também conseguiram avançar, deixando a categoria “péssimo” para serem enquadradas como “ruim”, representando uma ruptura com a estagnação.
- Alerta! No lado oposto, três municípios permaneceram no “péssimo”: Funilândia(17,6), Baldim (17,1) e, na última colocação, Caetanópolis (16,6), que praticamente, repetiu o resultado da edição de 2024, indicando uma estagnação nas práticas de transparência e governança.
O Observatório Social reforça a importância de ver os resultados individual e coletivamente, defendendo a filosofia de que é preferível que os municípios melhorem gradativamente, mesmo que alguns em passos lentos, do que permaneçam estagnados em um nível inferior.
Desafio Estrutural: A Urgência das “Obras Públicas”
Apesar da melhoria na pontuação geral, a dimensão “Obras Públicas” permanece como a maior lacuna da região, envolvendo grandes somas de dinheiro público e exigindo avanço urgente. O indicador na região subiu de 6,4 para 15 pontos, mas o crescimento foi insuficiente para sair da categoria “péssimo”.
O alerta se acende para Paraopeba e Funilândia, que obtiveram a pior nota possível: zero. Para o Observatório Social, o ITGP tem como função mostrar o caminho e a mensagem é clara: ambos os municípios precisam criar, com urgência, um Portal de Obras Públicas.
A transparência na dimensão de Obras Públicas é crucial e urgente, pois lida diretamente com o dinheiro do contribuinte. Para garantir a fiscalização e o acompanhamento eficaz por parte do cidadão, é essencial que as prefeituras disponibilizem o mínimo de dados públicos.
A falta dessas informações impede que a população acompanhe “na ponta” o uso dos recursos. Por isso, exige-se a divulgação de detalhes vitais, como os valores orçamentários, a localização, as datas de início e fim, o percentual de execução e a identificação dos fiscais responsáveis. Sem esses dados, o monitoramento do cidadão se torna impossível.
Para contribuir com essa melhoria, o OSB-7L, em parceria com o Centro Universitário de Sete Lagoas (UNIFEMM), restabeleceu o “Monitoramento de Obras Públicas”. O grupo analisa projetos e inspeciona obras in loco, na presença do fiscal responsável, documentando tudo para auxiliar a Prefeitura na construção de infraestrutura de qualidade e com transparência.
Chamado à Ação: Participe!
O monitoramento in loco de obras, que hoje se restringe a Sete Lagoas devido a limitações de recursos, infelizmente, não pôde ser ampliado para as outras nove cidades monitoradas pelo ITGP. Por isso, o Observatório Social está convocando a comunidade a se engajar na causa.
“O que não faltam são ideias, precisamos de pessoas para executá-las“, afirmou Benjamin Júnior, presidente do OSB, reforçando a importância do voluntariado.
Para ser voluntário, os requisitos são simples: não ter filiação partidária e não pertencer aos quadros de pessoal dos órgãos monitorados. Além do trabalho voluntário, é possível contribuir financeiramente com doações a partir de R$30,00 mensais.
Para mais informações sobre como colaborar, entre em contato pelo WhatsApp: (31) 97146-1357.
Sobre o Observatório Social
O Observatório Social do Brasil – Sete Lagoas é uma associação apartidária e sem fins lucrativos, formada por voluntários. A entidade atua na fiscalização e monitoramento da aplicação dos recursos públicos, acompanhando licitações, contratos e obras. Seu principal objetivo é garantir a transparência e a melhor utilização do dinheiro público, incentivando a participação cidadã e promovendo a melhoria da gestão pública.
Sobre o ITGP e a Parceria Estratégica
O Índice de Transparência e Governança Pública (ITGP)* é uma metodologia robusta desenvolvida pela Transparência Internacional – Brasil para ir além do simples cumprimento da Lei de Acesso à Informação.
A aplicação do ITGP 2025 em dez municípios da região é fruto de uma parceria estratégica do OSB-Sete Lagoas com a Transparência Internacional – Brasil, com duração prevista de 2024 a 2027. O trabalho de Sete Lagoas não é isolado; ele faz parte de uma rede nacional, onde outras 11 organizações realizam a mesma avaliação em suas respectivas regiões, abrangendo as quatro grandes Regiões do País.
O principal objetivo do ITGP é ser uma ferramenta essencial para que a sociedade civil, imprensa e órgãos de controle possam pressionar, democraticamente, por melhorias na gestão pública. A iniciativa, que visa incentivar a boa governança definida como o uso responsável e eficiente do poder para gerir os recursos de uma cidade, garantindo transparência, integridade e participação da sociedade.
Por Observatório Social do Brasil – Sete Lagoas
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