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Espermatozoides com DNA fragmentados: diagnóstico no homem afeta as chances de gravidez

Alguns homens não conseguem engravidar e recebem o diagnóstico de alta fragmentação do DNA espermático. Mas o que isso significa? “A fragmentação do DNA do esperma ocorre quando o DNA, contido dentro da cabeça do espermatozoide, é danificado e os fios são quebrados, tornando a concepção improvável e aumentando as chances de aborto espontâneo. É uma das principais causas de infertilidade masculina que não pode ser diagnosticada por um simples teste de esperma”, explica o Dr. Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana e diretor clínico da Clínica Mater Prime, em São Paulo. “Todos os homens têm algum percentual de fragmentação, sendo considerado aceitável até 15% e, em alguns exames, 20%. Somente acima de 20% de espermatozoides fragmentados é que começa a interferir na fertilidade e aumentar o risco de abortos”, acrescenta o médico.

De acordo com o especialista, os testes de fertilidade verificam os parâmetros básicos de saúde dos espermatozoides, como contagem (número de espermatozoides por ml), morfologia (tamanho e forma) e motilidade (capacidade de nadar em linha reta). “Todos esses três fatores são importantes ao considerar a fertilidade masculina. No entanto, o teste de fragmentação de DNA é frequentemente esquecido. Se o paciente estiver tentando engravidar por um tempo sem sucesso, o teste de fragmentação de DNA espermático é fundamental”, destaca. “Esse dano ao DNA é geralmente causado por Espécies Reativas de Oxigênio (ROS) dentro das células espermáticas. As ROS são produzidas naturalmente pelas mitocôndrias, que são comumente chamadas de usinas de energia ou baterias da célula. Como elas fornecem energia, algo que uma célula espermática requer muito, também produzem essas ROS, que podem causar fragmentação do DNA, resultando no chamado estresse oxidativo”, explica o Dr. Rodrigo.

Há algumas evidências, segundo o médico, de que uma varicocele pode causar fragmentação do DNA do esperma. “Varicoceles ocorrem quando as veias dentro do escroto se tornam dilatadas, o que pode causar problemas com o fluxo sanguíneo para os testículos”, relata. Fatores ambientais, como dieta e poluição do ar, também podem estar envolvidos na fragmentação do DNA do esperma. “Além disso, as escolhas de estilo de vida dos homens, como beber e fumar, contribuem para o estresse oxidativo dentro da célula espermática. A maioria das pessoas é diretamente afetada por esses problemas em suas vidas cotidianas”, esclarece. “O ciclismo em excesso também pode aumentar o índice de fragmentação do DNA espermático, sendo a única atividade física que pode impactar negativamente a fertilidade masculina (mas somente em alta frequência e intensidade)”, alerta o especialista.

O Dr. Rodrigo enfatiza que a alta fragmentação do DNA é causada por estresse oxidativo e, quando descoberta, é tratada principalmente com mudanças no estilo de vida e o uso de antioxidantes – na dieta ou com suplementos. “Algumas mudanças simples no estilo de vida ajudam a reduzir a fragmentação do DNA. Primeiro, parar de fumar e reduzir ou interromper o consumo de álcool. Em segundo lugar, estudos mostram que a obesidade aumenta o risco de danos ao DNA do esperma em pacientes inférteis. Se o IMC do paciente estiver acima de 25, é aconselhável uma dieta balanceada e aumentar os exercícios para ajudar na perda de peso. Além disso, há evidências de que alimentos processados e junk food podem causar fragmentação do DNA, bem como reduzir a contagem de espermatozoides. Mesmo que o IMC esteja em um peso saudável, é recomendável cuidado com os alimentos, evitando junk food, tomando o suplemento correto e focando em mais frutas e vegetais frescos na dieta”, finaliza o Dr. Rodrigo.


Fonte: Dr. Rodrigo Rosa, ginecologista obstetra, especialista em Reprodução Humana, sócio-fundador e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo, e do Mater Lab, laboratório de Reprodução Humana. Membro da Associação Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), graduado pela Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Colaborador do livro “Atlas de Reprodução Humana” da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana. Instagram: @dr.rodrigorosa