Psicopedagoga alerta sobre preconceitos, destaca o papel da família e comenta impactos da regulamentação NR-1 no ambiente de trabalho.
Durante o Setembro Amarelo, a psicopedagoga Ana Cláudia Diniz França Costa Dias reforça a importância de quebrar tabus e ampliar o diálogo sobre saúde mental durante todo o ano. Para ela, falar sobre suicídio de forma responsável e empática é uma das principais formas de prevenção. Em entrevista, Ana Cláudia aborda os desafios, o papel da família, o impacto das empresas e a relação entre empreendedorismo e saúde mental.
1) Quais os principais desafios e tabus ainda enfrentados quando o assunto é saúde mental e prevenção ao suicídio?
Os desafios e tabus em torno da saúde mental e da prevenção ao suicídio ainda são muitos e complexos, apesar dos avanços na conscientização. Pessoas com transtornos mentais ou em sofrimento intenso sofrem julgamentos e preconceitos, sendo rotuladas como fracas, dramáticas e incapazes. O medo do julgamento faz com que muitas se sintam culpadas e acabem minimizando o próprio sofrimento, acreditando que a melhora depende apenas da força de vontade.
A falta de informação também é um obstáculo, já que muitos não compreendem que transtornos mentais são doenças e precisam de tratamento especializado. Além disso, o preconceito ainda associa transtorno mental à “loucura”, o que afasta as pessoas do cuidado. Outro desafio é o tabu em falar sobre suicídio, ainda visto como um assunto velado em famílias, grupos religiosos e entre amigos. Existe a crença equivocada de que falar sobre o tema pode incentivar o ato, mas o consenso entre especialistas é justamente o contrário: abrir o diálogo é uma das principais formas de prevenção.
2) Qual o papel da família no desenvolvimento e equilíbrio da saúde mental das crianças e adolescentes desta geração?
A família é o primeiro e principal ambiente onde o indivíduo constrói suas bases emocionais, sociais e de identidade. Ter uma relação aberta, segura e de confiança faz com que a criança ou adolescente busque cuidado, informação e abrigo no seio da família, evitando influências negativas e escolhas equivocadas.
Vivemos em uma era em que as redes sociais exercem grande influência. Nesse sentido, a mediação dos pais é essencial para evitar comparações nocivas e a imitação de comportamentos superficiais. Quando há diálogo, a família consegue ser referência de apoio e equilíbrio emocional para os filhos.
3) Saúde mental nas empresas: como a regulamentação da NR-1 vai contribuir para a promoção da saúde mental dos profissionais? E quais os impactos esperados na sociedade?
A NR-1 transforma a gestão da saúde mental em um dever legal das organizações, colocando os riscos psicológicos no mesmo nível de seriedade dos riscos físicos. Isso gera contribuições importantes na prevenção e no gerenciamento de fatores de risco psicossociais, como sobrecarga de trabalho, jornadas excessivas, assédio moral e sexual, metas irreais, falta de autonomia e ambientes tóxicos.
Com a implementação efetiva da norma, espera-se reduzir afastamentos e rotatividade, além de aumentar a produtividade. Isso traz benefícios não apenas para as empresas, mas também para a sociedade como um todo, gerando ganhos sociais e econômicos.
4) O que as empresas podem fazer para se adequar à regulamentação e quais os benefícios desta medida para o meio empresarial?
As empresas podem se adequar gerenciando riscos operacionais, capacitando colaboradores, oferecendo treinamentos adequados e implementando programas de compliance que garantam a integridade do trabalhador.
Quando aplicada de forma eficiente, a NR-1 promove um ambiente seguro e saudável, reduzindo afastamentos, aumentando a produtividade e o lucro, fortalecendo a imagem da empresa no mercado e ajudando a atrair e reter talentos.
5) Empreendedorismo e saúde mental: como equilibrar os desafios e cobranças do empreendedorismo, contornando os riscos e responsabilidades desse processo?
O equilíbrio entre saúde mental e empreendedorismo é desafiador, mas indispensável. A saúde mental do empreendedor é fundamental para a sustentabilidade e o sucesso do negócio. Investir no bem-estar psicológico é essencial para lidar com as pressões e construir um futuro próspero. Sem equilíbrio emocional, o risco de desgaste é grande, o que pode comprometer tanto a vida pessoal quanto a empresarial.
IMPORTANTE
“É preciso compreender a estreita relação entre estabilidade mental e bem-estar. Nossa saúde mental afeta diretamente a vida individual, mas também contribui para a construção de uma sociedade mais saudável e equilibrada.”
*Preconceito ainda afasta pessoas do tratamento
*Diálogo é fundamental na prevenção ao suicídio
*Família é base para a saúde emocional de crianças e adolescentes
*NR-1 fortalece a saúde mental no ambiente de trabalho
*Saúde do empreendedor é chave para negócios sustentáveis
Sobre a profissional
Ana Cláudia Diniz França Costa Dias é psicopedagoga, com seis anos de experiência e atuação voltada para a mediação escolar. No Espaço Evoluir, coordena uma equipe multidisciplinar que oferece serviços de psicologia, psicopedagogia, neuropsicopedagogia, musicoterapia, nutrição e terapia ocupacional. O público atendido inclui crianças, adolescentes e adultos, com foco no cuidado integral e no desenvolvimento saudável.
Contatos:
(31) 3152-0205 / (31) 98727-0205
Facebook: Espaço Evoluir
Instagram: @espacoevoluir7l
Comentar