A Câmara Municipal de Sete Lagoas realizou, na tarde da última quarta-feira (16), uma Audiência Pública para discutir a atual situação do transporte coletivo urbano no município. O encontro, proposto pela Comissão Especial do Transporte, reuniu vereadores, representantes das concessionárias e permissionárias, além de membros da sociedade civil, todos mobilizados diante dos desafios enfrentados pelo sistema de mobilidade urbana.
A audiência foi conduzida pelo presidente da Comissão, vereador Marcelo Cooperseltta (Mobiliza), com apoio da relatora, vereadora Silvia Regina (Rede), e do vereador Ivson (PL), também integrante da Comissão. O secretário municipal de Mobilidade Urbana, Waldeir Pimenta, representou o Poder Executivo na reunião.
Durante os debates, foram destacadas as principais dificuldades enfrentadas pelas operadoras, como o aumento dos custos operacionais, a queda no número de passageiros e a defasagem tarifária. Participaram representantes da – Transporte Urbano Rodoviário e Intermunicipal Ltda (Turi). e da Cooperativa Setelagoana de Turismo e Transporte Alternativo (Cooperseltta), responsáveis pela prestação do serviço na cidade.
Representando a TURI, o gerente geral, Alexandre Martins, apresentou dados atualizados da operação e alertou para a urgência do tema. “O transporte hoje é um serviço essencial contínuo, assim como a Saúde e a Educação. Precisamos tratá-lo com seriedade – poder público, usuários e funcionários –, pois ele impacta diretamente a vida na cidade”, afirmou.
O presidente da Cooperseltta, Geraldo Vieira, também traçou um panorama das dificuldades enfrentadas pelas permissionárias e reforçou a importância do diálogo. “É fundamental discutir e deliberar sobre a realidade do transporte público em Sete Lagoas. Precisamos encontrar soluções conjuntas para oferecer à população um serviço com mais qualidade, conforto e segurança. Esta audiência é um passo importante para promover uma mudança radical no sistema.”
Crise no setor
Ao presidir a audiência, o vereador Marcelo Cooperseltta destacou que a crise no setor exige ação imediata do poder público. “Tenho uma trajetória de três mandatos voltada à defesa do transporte. Hoje discutimos tarifa, qualidade, segurança e, principalmente, a situação dos trabalhadores. Estamos presenciando demissões em massa e empresas com dificuldades para honrar compromissos. Precisamos discutir subsídios, gratuidade e cobrar responsabilidade dos gestores”, disse.
A vereadora Silvia Regina reforçou o papel fiscalizador da Câmara e a importância de garantir mobilidade com dignidade. “Estamos aqui para somar esforços. Buscamos soluções não apenas para os profissionais do transporte, mas para todos os cidadãos que dependem do sistema. Esta Casa está atenta e comprometida com esse acompanhamento”, garantiu.
O vereador Ivson alertou para a gravidade da situação e defendeu providências urgentes. “Não dá mais para ignorar essa realidade. O transporte coletivo está à beira do colapso. Solicitamos documentos, vamos elaborar relatórios e tomar providências. Já identificamos um déficit de milhões no sistema. É hora de agir com transparência e foco no usuário”, afirmou.
Reivindicações
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Rodoviário de Sete Lagoas (SINTTROSET), Mário Geraldo Alves de Paula, também participou da audiência e apresentou reivindicações da categoria, como a defasagem salarial e a necessidade de subsídio para garantir a continuidade dos serviços. “Precisamos de apoio para superar essa crise. A isenção do ISS, proposta por mim no TRT e aprovada pela Câmara, foi um avanço. Mas ainda é necessário garantir subsídios, como já ocorre em outras cidades, para manter tarifas justas e renovar a frota”, explicou.
A isenção do Imposto Sobre Serviços (ISS), recentemente aprovada pelo Legislativo como medida emergencial, foi lembrada como exemplo concreto de atuação da Câmara em apoio ao setor.
Representando o Executivo, o secretário Waldeir Pimenta destacou ações recentes para melhoria da infraestrutura urbana, com ênfase na revitalização do terminal central. “Ao assumir a Pasta, encontramos o terminal em estado crítico, sem iluminação. Fizemos a limpeza, melhoramos a segurança e agora buscamos parcerias com o setor imobiliário para transformar o local em um espaço integrado, moderno e confortável para o usuário.”
Além dos membros da Comissão, participaram da audiência os vereadores Alber Enfermeiro (Mobiliza), Caio Valace (PDT), Deyvison da Acolher (Solidariedade), Rodrigo Braga (MDB), Téo da Equoterapia (Podemos) e Walisson Lelé (Rede), além de lideranças comunitárias e usuários do sistema, que contribuíram para ampliar o entendimento coletivo sobre os problemas e possíveis soluções.
Encaminhamentos
Ao final da audiência, a Comissão Especial do Transporte reafirmou o compromisso de acompanhar de perto a situação e encaminhar todas as demandas aos órgãos competentes.
Segundo o vereador Marcelo Cooperseltta, o primeiro encaminhamento será o levantamento detalhado dos dados apresentados, com objetivo de embasar futuras ações legislativas e executivas. “Os cálculos atuais estão bastante defasados, e a solução não pode ser simplesmente aumentar a tarifa. A população não suporta mais esse tipo de ajuste. Precisamos discutir alternativas viáveis, como já fazem 18 das 20 maiores cidades de Minas Gerais, que adotaram o modelo de subsídio. Isso permitiria não só manter o sistema funcionando, como pensar em reduzir o valor da passagem e melhorar a qualidade do serviço”, esclareceu.
Ele também reforçou um dos principais encaminhamentos da audiência: “Vamos iniciar o levantamento para calcular o valor real da tarifa que garanta a sustentabilidade do sistema. Só com esses números em mãos poderemos discutir a viabilidade do subsídio. No exercício anterior, já existia um alinhamento entre Executivo e empresas para a adoção de um subsídio mensal no valor de R$ 700 mil”, explicou o vereador.
Comentar